terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma Carta de Desespero

Um cantinho qualquer do mundo, 5 de Fevereiro de 2011


Neste momento vejo-me como o oposto de um cadáver, ou seja, o meu corpo está vivo, mas a minha alma está completamente fragilizada, degradada e sobretudo, morta, completamente morta. Eu já não tenho quaisquer forças para continuar a viver, a lutar contra esta doença que corrói não só o meu corpo, mas também a minha alma. O cabelo já começa a cair-me, as dores começam a acentuar-se e são cada vez mais visíveis na minha face, traços de desespero. Desespero, por não obter o perdão de quem eu sempre amei, mas que por culpa dos meus traumas, também magoei. Ai se eu pudesse voltar atrás, e simplesmente remendar todos os erros que eu cometi no passado.

Eu faria de tudo para voltar a tê-lo aqui comigo, mas sei que se o fizesse os meus esforços de nada valeriam, pois o que eu fiz foi demasiado brusco e cruel. Lembro-me perfeitamente daquele dia em que eu lhe fiz a mala e disse-lhe para ele partir, numa frieza de um simples adeus. Quando isso aconteceu, lembro-me de não ter jorrado nenhuma lágrima, pois o meu orgulho opôs-se ao meu coração, e mais uma vez este tremendo defeito impediu-me de utilizar aquela singela mas forte palavra que nem todos usam, “desculpa”. Hoje, arrependo-me de não o ter feito, pois se o tivesse feito, tudo isto poderia ser diferente. Mas julgo que já será tarde demais, e ele já terá refeito a sua vida com uma outra mulher, uma verdadeira mulher. Pois, eu não passo de um mero pedaço de lixo que merece e deve ser espezinhado por tudo e todos. Eu não valho nada de nada, sou só mais uma inútil a ocupar espaço neste sobrelotado e infectado mundo.

Já passaram dez anos desde a sua partida, a sua ausência tem sido demasiado dolorosa. Eu sinto falta dele, dos carinhos dele, das suas palavras de conforto… Enfim, eu sinto falta de ser amada, mas não por qualquer homem, apenas por ele, apenas por ele.

Uma autêntica desesperada

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Esperança Desesperada

(origem da imagem: google * )

O comboio partira bem cedo, ainda de madrugada, daquela invicta cidade repleta de gentinha despreocupada com o infectado mundo em seu redor. Um mundo, uma terra, um povo infectado pela corrupção, pelas guerras políticas e civis, e acima de tudo pela mentalidade egoísta e egocêntrica de quem habitava naquele horrendo ninho. Naquela longa viagem de dez horas encontrava-se Pedro, um homem quarentão que apresentava um aspecto completamente decadente, a sua cara branca como uma folha de papel e os seus olhos negros como carvão estavam completamente arregalados. Aquele homem transparecia medo, pois sim, ele estava completamente aterrorizado, a sua bomba estava extremamente acelerada e impulsionava com uma tremenda rapidez sangue para todas as veias do seu descarnado corpo. Algo inquietava aquele estranho homem, algo de muito grave, mas o que seria?

Passaram-se quatro longas horas de viagem, eram agora dez da manhã quando o comboio estacou numa estação, onde embarcaram algumas pessoas. Pelo corredor do comboio caminhava uma bela jovem de longos cabelos louros e olhos azuis, que num gesto muito educado e subtil perguntou a Pedro:

- Posso sentar-me aqui?

Pedro limitou-se a assentir com a cabeça, sem pronunciar uma única palavra. Posto isto, a jovem sentou-se ao lado daquele desconhecido homem e fez algumas tentativas de formular uma conversa com ele, embora todas elas em vão, até que ele se manifestou.

- Tem tabaco? – perguntou-lhe com a sua voz grossa.

- Tenho sim! – exclamou a rapariga enquanto que retirava o tabaco da sua bolsa.

- Obrigado. Também vai para a Terra dos Ricos? – perguntou-lhe arqueando as suas peludas sobrancelhas.

Sim, sim não queria ficar numa terra desprovida de oportunidades. Queria ir em busca do sonho!

- Pois, o sonho, vais tê-lo, vais … - murmurou sarcasticamente, sem que ela ouvisse.

Eu também tinha muitos sonhos, mas num fechar de olhos tudo tinha acabado.

- Oh, acabou porquê? Afinal a esperança é a última a morrer, meu caro. – disse ela como palavras de consolo.

Não, não queria por a felicidade de quem amava em risco. Não, não seria egoísta a esse ponto!

- Mas porquê? Como poderia colocar em risco a felicidade de quem ama só por ir em busca do seu sonho? Aposto que essas pessoas ficariam felizes se o vissem concretizado! – exclamou a rapariga.

- Você não entende nada, nem tem que entender. Deixe-me, não dialogue mais comigo, afinal não me conhece de parte nenhuma. Como dizem não devemos confiar nos estranhos e como tal, eu não mereço a sua confiança ou palavras de consolo. – disse ele exaltadamente.

- Desculpe, não era minha intenção perturbá-lo. – disse inquietamente.

Posto isto, Pedro levantou-se e ergueu a sua mala e seguiu rumo à cabine do maquinista daquele velho comboio. O Pedro tremelicava por todos os lados, estava agora ainda mais pálido do que inicialmente, as suas mãos estavam completamente gélidas, ele parecia um autêntico cadáver pensante. Pedro retirou nervosamente algo da sua mala, o que seria? Era uma arma, uma Colt de 9.0 mm e apontou-a à cabeça do maquinista e disse bem alto para que todos os passageiros ouvissem:

- Isto não é um assalto, é um atentado terrorista e vamos morrer todos, inclusive eu. Eu não queria que isto acontecesse, eu não queria. Mas se eu não o fizer, eles matam a minha família, matam mesmo. Dentro desta mala eu tenho uma bomba, basta accioná-la e vamos todos pelos ares. Meus amigos, é assim a injusta vida que temos.

Os passageiros estavam completamente aterrorizados, e isto notava-se perfeitamente através das suas testas dominadoras e os seus olhos medonhos. Será que iriam morrer mesmo naquele dia, naquela hora, naqueles próximos minutos?

Não, não queriam ficar ali esbulhados e estendidos naquelas terras desconhecidas.

- Bem, chegou a nossa hora, meus caros. E bem em três, dois, um. BOOOM.

O comboio estacou ali imediatamente e explodiu e pelos ares viam-se pernas, troncos, braços, mãos, cabeças, projectadas a metros de distância do local do acidente. Via-se também sangue, muito sangue, muitas vezes este é sinónimo de amor, mas desta vez é sinónimo de destruição, de desgaste e de demolição de vidas humanas. Ali naquele local ficaram muitos sonhos, muitas vitórias e muitas derrotas por conseguir, mas porquê? Ora bem, é simples, tudo isto deve-se ao egoísmo e mesquinhez do ser humano.

p.s: Este pequenino conto foi escrito para a disciplina de Português, na qual tinhamos que eleborar um texto ao estilo Queirosiano.

Francisca Araújo

domingo, 29 de agosto de 2010

Desabafos #1 *

( origem da fotografia: google * )

Eu acredito que no nosso longo percurso de vida não somos capazes de encontrar felecidade plena, pois existe sempre alguma coisa que por mais pequena que seja é capaz de retirar de dentro do nosso ser a alegria de viver que outrora possíamos. Podem haver pequenas coisas que sejam capazes de realizar esta mesquinhez, mas eu conheço tão bem uma coisa que não é pequena, muito pelo contrário, é enorme e talvez por ser assim tão grande consegue levar consigo a nossa alegria de viver e vontade de sermos felizes e assim esconde-la num local bem distante do alcance do ser humano. Mas afinal que coisa é esta que vos falo? É sem dúvida, o amor.

O amor é um sentimento requerido por todos nós, mas só algumas pessoas têm a sorte de encontra-lo e mesmo assim não lhe dão o devido valor. Depois há aquelas pessoas que amam e não são corresppondidas e são deparadas com tremendas injustiças da parte das pessoas que amam, e é isto o que mais me revolta no amor, o factor "amar e não ser correspondido", que é capaz de retirar a tal alegria de viver que referi anteriormente. E então se isto acontecer, como é que vamos conseguir ultrapassar esta dor e revolta de não possuirmos o que tanto desejamos? Tarefa fácil eu sei que não é, mas como o amor é tão grande tem também a capacidade de poder existir em outras formas, por exemplo o amor entre amigos e eu particularmente acho que este amor ajuda não a curar, mas sim a sarar algumas feridas e ajuda-nos também a ultrapassar determinadas dificuldades na nossa vida, pois amigo é aquele que está presente tanto nos bons, como nos maus momentos e amigo é aquele que também tem a capacidade de num simples gesto ou palavra, nos animar e assim colocar-nos um sorriso esboçado pela nossa face.

Eu ao longo da minha vida tenho necessitado da ajuda e do apoio dos meus amigos para continuar a possuir alegria de viver e esperança que um dia irei possuir o que outrora tanto desejei, um verdadeiro amor... Até lá para me ajudar tenho os abraços calorosos, as palavras amigas e os simples gestos dos meus amigos que me fazem continuar a possuir esperança e garra para lutar e vencer e também saber recolher algumas derrotas nesta dificil e dura batalha que é a vida.

p.s: dedico este texto ou desabafo (como lhe queiram chamar) a um grande amigo meu, do qual tenho imenso orgulho, Filipe Barbosa.

Francisca Araújo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Eu sei que tudo passa, tudo fica para trás *

( origem da imagem: google * )

A vida facilmente pode ser comparada com o mar, mar este que numa hora pode estar calmo e sereno e já em outra se encontrar aos turbilhões, levando tudo o que outrora foi construído. Mas afinal o que são estes turbilhões que arrastam consigo sentimentos, que não por um mero acaso foram derrubados? Pois bem, estes turbilhões são as denominadas circunstâncias da vida que fazem com que todos nós tenhamos a necessidade de nós impor e dizer num simples gesto, ou frase “sim, eu estou vivo e não vou continuar a passar por isto“. Eu costumo dizer que as coisas embora não aparentem têm sempre uma segunda intenção, que por vezes nem consegue ser descoberta, mas sendo assim esta necessidade de imposição do ser humano têm outra intenção, mas afinal qual? A verdadeira intenção que leva o ser humano a fortificar a sua postura é o querer demonstrar que possuí sentimentos que necessitam de crescer e tornarem-se mais fortes, ou então necessitam apenas que se lhe passe uma borracha em cima, de modo a apagar o significado que já tiveram, no passado.

Eu sei que tentar apagar o passado não é tarefa fácil, pois os sentimentos em causa falam mais alto e dizem-nos “não, por favor não te desfaças de tudo isto“ e fazem-nos relembrar de todos momentos, segredos e frases que foram partilhados com uma outra pessoa, mas não pela ironia do destino, mas sim por a denominada condição humana tiveram de ser quebrados sem que os pudéssemos impedir. Mas na vida nada é perfeito e temos de aprender a lidar com tudo o que nos acontece, seja bom ou não. E com o tempo tudo irá passar, pois nada é para sempre e tudo o que outrora foi quebrado irá ficar para trás e não serão estas pequenas “pedras no sapato“ que nos irão impedir de continuar a viver esta alucinante aventura, que é a vida.

Para mim a vida para além de poder ser comparada com o mar, pode ser encarada como um livro, um livro bem volumoso divido em três capítulos, o passado, o presente e o futuro. Quando algo não nos correr como planeado, o que temos de fazer é virar a página e seguir em frente, deixando o que nos atormenta para trás num vazio, o passado. E assim haverá sempre onde recomeçar uma nova e alucinante aventura que nos dê garra e força para continuar a viver.

Resumindo, para mim ter coragem e vontade de viver só é possível porque eu sei e tenho consciência que o que de mal me acontecer, irá passar e ficar para trás, pois nada dura para sempre, o sempre não existe e isto aplica-se á felicidade também.

Francisca Araújo

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A crueldade e dureza da vida *

( fotografia por mim ) *

Lembro-me como se fosse hoje, daqueles tempos em que eu era uma criança, repleta de ingenuidade e inocência, achando que o mundo girava a meu redor. Com o passar do tempo, fui crescendo e crescendo e fui-me apercebendo que a vida não era o conto de fadas que eu pintava. A vida é muito mais dura e cruel que uma criança possa imaginar. Nesta fase de crescimento conheci um amigo que me ajudou a abrir os olhos e ver o que era realmente a vida, este meu amigo chamava-se Norberto Rodrigues e devido a um problema de saúde andava numa cadeira de rodas, mas não pensem que era este simples facto que impedia o de ser feliz, o Norberto foi até hoje a pessoa que conheci que tinha mais força e garra para viver e sempre com um sorriso no rosto. Ele tinha uma força inacreditável, que me fazia pensar “ porque é que eu por vezes me lamento por coisas tão banais, onde há pessoas que têm o dobro dos meus problemas, mas que no entanto sabem aproveitar a vida e lutar contra os obstáculos que têm de enfrentar “. O Norberto não só me ensinou a dar valor á vida, como também me ensinou o verdadeiro valor da amizade, pois como ele dizia “ A amizade não se improvisa, surge como o sol no coração da noite “ e assim foi que eu passei a encarar a amizade e defini-la como um sentimento que cresce por acréscimo e não de um dia para o outro.

Como já disse a vida é cruel e dura e foi no dia 29/10/2008 que pregou uma partida ao Norberto e trocou-lhe as voltas e ele acabou por falecer, deixando para trás muitas vitórias, ambições e, sobretudo, sonhos. Senti uma grande dor que ainda hoje permanece em mim e ao mesmo também senti um sentimento de injustiça, pois como é que um lutador como ele, partiu assim do nada? Outro sentimento que me persegue é revolta em relação a certas pessoas, que na altura em que o Norberto estava vivo não lhe ligavam nenhuma, mas só para parecer bem após o seu falecimento tiveram a mesquinha ideia de deitar lágrimas falsas, que nem um pingo de dor esboçavam. Porquê e como é que os seres humanos conseguem ser tão mesquinhos, ao ponto de fingirem o próprio sofrimento? Era necessário tudo isto, apenas para ficarem bem vistos? Eu acho que não, pois fingimento não é coisa que conste no meu ideal de vida e não é ao demonstrar a sua falsa dor que estes seres foram admirados e lisonjeados, muito pelo contrário, foram vistos como pessoas mesquinhas e sem moral nenhuma.

O tempo passou e passou e já lá vão quase dois anos após a sua partida e é com muita saudade que recordo todos os momentos que passei com ele, lágrimas foram muitas as que deitei, mas agora aprendi a encarar esta triste realidade de outra forma e lembro-me dele como um grande amigo que me ensinou a crescer e sobretudo ensinou-me a lutar e nunca desistir dos meus sonhos, pois por mais barreiras que tenhamos, devemos ter garra e capacidade de definir os objectivos que queremos atingir e assim iremos conseguir chegar à meta da vida com uma grande vitória carregada por cima dos nossos ombros, do nosso ser.

Após ter conhecido e ter passado muito bons momentos com este espectacular rapaz considero-me uma outra pessoa, que vai crescendo, mudando de forma, deparando-se com alguns obstáculos que têm de ser ultrapassados, nem sempre com a melhor solução, mas apesar de tudo ergo a cabeça e sigo em frente de modo a honrar e a orgulhar o espaço que se encontra preenchido no meu coração, por todas as pessoas que de certa forma me fizeram e fazem feliz, tal como o Norberto.

Estejas onde estiveres, Norberto, eu nunca me irei esquecer de ti e continuarei a gostar de ti como o belo amigo e exemplo que foste, gravando sempre na minha memória tudo o que passamos juntos e digo-te mais, eu orgulho-me de ter-te conhecido e embora o teu corpo já não esteja entre nós, a tua alma estará sempre presente em mim para o resto da minha vida.

Um beijo repleto de saudade,
Francisca Araújo

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conto " O oceano que os separa ... " . Parte V *

( origem da imagem: google * )

(...)

O tempo passa a voar e aquela semana em que Beatriz ali esteve não foi excepção, pois passou num lápide instante. Estes dias podem até ter sido poucos, mas foram muito bem passados e aproveitados por estes jovens. Nestes dias aconteceram muitas coisas boas que fortalecerem a relação deste jovem casal, Gustavo apresentou inclusive Beatriz aos pais como sua namorada, sendo ela recebida com imenso gosto e satisfação. O dia da partida de Beatriz infelizmente chegou. Beatriz despediu-se dos pais de Gustavo e ele acompanhou-a até á estação. Passaram o caminho num silêncio de cumplicidade até que chegaram à estação e…

- Vou sentir tanto a tua falta amor… - disse Beatriz com uma lágrima a escorrer-lhe pela face.
- Eu também vou ter imensas saudades tuas amor, mas não te preocupes, eu irei-te visitar muitas vezes e tu a mim e um dia poderemos estar juntos para sempre. E lembra-te o nosso amor é forte demais para ser derrubado por uma mera distância. – disse ele com um ar tristonho.

Nisto o comboio chegou e este casal extremamente apaixonado enlaçou-se e trocou um último beijo longo e apaixonado. Beatriz entrou no comboio lavada em lágrimas e Gustavo gritou “ Bia nunca te esqueças disto, eu amo-te “, ao ouvir isto ela sorriu e piscou-lhe o olho.

Fim

( Este conto é meramente imaginativo. Outro dia quando me apetecer volto a dar assas à imaginação e conto-vos a continuação desta bonita história de amor. )


Nota pessoal: Sim, eu acredito no amor à distância, eu acredito que as pessoas são capazes de se apaixonar sem nunca se terem visto... Podem me criticar por assim pensar, mas eu sou como sou e tenho liberdade para dizer tudo, ou quase tudo o que eu penso, portanto digo sem medos o que me vai na mente. Um amor à distância é um amor como qualquer outro, sim é verdade que tem mais barreiras que necessitam de ser ultrapassadas, mas se este amor for forte e as pessoas envolvidas nele estiverem dispostas a lutar este amor saíra vencedor, com certeza. Tudo o que penso em relação a isto resume-se numa frase que aprecio muito " A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande " . E se me perguntarem se era capaz de me apaixonar à distância, eu digo " sim, com certeza, eu nunca pude e não é agora que vou poder controlar o que sinto, portanto com distância ou não, seria amor ".
Francisca Araújo





Conto " O oceano que os separa ... " . Parte IV *


( origem da imagem: google * )

(...)

A noite passará depressa e estes amigos depois do jantar dançaram juntos ao som de uma balada romântica que contemplava a sua amizade. No ar estava um clima estranho, uma certa incerteza de sentimentos, um mero engano do que sentiam… Custo isto foram para casa e no caminho Beatriz arrepiou-se de frio e ao ver isto Gustavo despiu o seu casaco e colocou-o por cima dela, colocando também o seu forte e musculado braço. Beatriz sorriu, aproximou-se e entrelaçou os seus dedos nos dele. As suas pulsações aumentaram repentinamente e Beatriz começou a sentir as tais borboletas na barriga. Beatriz aproximou-se ainda mais, olhou-o com um brilho especial nos olhos, as suas bocas já estava muito próximas e foi num mero impulso que Beatriz deu um suave beijo a Gustavo. Gustavo retribuiu o beijo e tornou-o num longo e profundo momento de afecto, que simbolizou o que ambos sentiam. Depois disto ambos perceberam que aquilo que sentiam era mais que uma simples, mas forte amizade, agora eles sabiam que o que sentiam era amor, amor puro e verdadeiro.

- Desculpa Gustavo, eu não devia ter feito isto… - disse ela um pouco atrapalhada e corada.
- Não Bia, não me peças desculpa. Tu ansiavas isto tanto como eu e não podemos continuar a negar o que sentimos, como nada se passasse. Eu hoje digo-te sem medos, eu amo-te e não é o oceano que nos separa que me vai impedir de seres minha e eu teu… - disse ele com um ar apaixonado.
- Oh Gustavo eu também te amo, mas… - disse ela com um ar preocupado.

A preocupação de Beatriz era a distância e meramente a distância que os separava e os impedia de terem um contacto físico. Gustavo tinha a perfeita noção do que preocupava Beatriz, mas tinha também a certeza que o que sentia era forte e que conseguia ultrapassar qualquer obstáculo. Quando Beatriz disse aquele “mas” Gustavo colocou-lhe um dedo suavemente nos lábios dela e disse:

- Chio, não digas nada. O que sentimos é muito mais forte e mentaliza-te disso. – disse ele com sinceridade.

Nisto já os jovens tinham chegado a casa, fecharam a porta e beijaram-se como nunca tinham beijado ninguém, enquanto ele a beijava tocava-lhe nos seus belos caracóis. Depois entraram no quarto de visitas e caíram sobre a cama e ávidos, ferozes, enlaçaram-se, tentando rasgar, destruir de vez a distância que já á muito tempo os separava.

( continua ... )
Francisca Araújo